Munícipes, que adquiriram descodificadores de televisão da TMT por conta do apagão, em Maputo, dizem que os mesmos não estão a funcionar ou têm disponível apenas um canal.
Com os aparelhos na mão e expostos ao sol, munícipes indignados amotinaram-se defronte das instalações da empresa responsável pelo processo de migração digital – a TMT, para protestar o facto de os descodificadores não estarem a funcionar e exigir explicações.
Henriques Macamo, um dos queixosos, contou ao “O País” que, desde que comprou o descodificador na passada segunda-feira, por conta do apagão, o mesmo nunca funcionou, tentou por várias vezes contactar os serviços da empresa responsável, mas ainda não tinha recebido uma resposta concreta.
“Criaram um sistema que não funciona, gastamos o nosso dinheiro para algo que não funciona, gastamos o nosso tempo, deixamos os nossos afazeres para estarmos aqui, desde as primeiras horas do dia. A minha questão é por que é que desligaram o sistema que usávamos anteriormente, enquanto sabem que este sistema não está bom?”, contestou, Henrique Macam, um dos clientes da TMT.
O desespero para migrar para nova fase reinava entre os manifestantes, que contaram ao jornal “O País” que de tudo fizeram para não ficar atrás, e agora consideram que o esforço não valeu a pena. Ana Cossa contou que, quando soube do “apagão”, arranjou dinheiro para adquirir o descodificador que “aparentemente sairia barato” para não perder a informação, mas “não valeu a pena”.
“Gastei dinheiro para montarem, voltei a gastar outro dinheiro para desmontarem e, quando o problema estiver resolvido, terei de voltar a pagar para montarem, onde é que hei-de arranjar esse valor?” questionou Ana Cossa, num tom indignado.
Na fila com centenas de pessoas, as questões e a indignação só aumentavam. “Devem-nos explicar os motivos de terem vendido algo que não funciona”, gritavam, enfurecidos.
Outro aspecto que incomoda os queixosos é o facto de a solução do problema não ser imediata, uma vez que, alguns tiveram a orientação de deixar os seus descodificadores, para levantar depois de três ou quatro dias.
“Vim na segunda-feira, logo que detectei o problema do decoder, ontem ligaram e disseram para vir às nove horas. Estou aqui até agora, que são 13 horas (de ontem) e ainda não fui atendida. Não sei se conseguiram resolver o problema… desde segunda-feira não vejo televisão”, refilou Ofélia Martinho.
E mais “comprámos os descodificadores nas nossas zonas, mas temos de vir até à Baixa arranjar. Por que não criam condições para o problema ser resolvido onde compramos também? Nós queremos uma solução urgente para o problema. Isto é uma burla para o povo”, concluiu.
Reagindo à situação, o presidente do Conselho de Administração da TMT, Victor Mbebe, reconheceu o problema e disse tratar-se de um erro de fabrico. Conforme explicou, a TMT recebeu descodificadores com algumas falhas dos cartões. Por conta disso, de acordo com a empresa, apesar de alguns clientes conseguirem conectar-se, há um número significativo de clientes que não estão a conseguir activar os cartões.
“Neste momento, apelamos aos clientes para entrarem em contacto connosco na nossa loja para resolvermos a situação, mas também estamos a criar uma forma de os revendedores resolverem a situação a nível local”, expôs Victor Mbebe, PCA da TMT.
Outras queixas são relativas ao preço do aparelho, que, em alguns casos, não é o recomendado. Neste momento, os descodificadores estão a 999 meticais, mas há quem os tenha comprado a 1500 e outros a 1200. O responsável da TMT alertou tratar-se de especulação e apelou para denúncia.
A primeira fase do pagão do analógico iniciou na última segunda-feira, o que obrigou munícipes a comprarem descodificadores para terem acesso à televisão.
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