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28/08/2021

Julgamento das “dívidas ocultas”: A ausência omnipresente de Filipe Nyusi


Há quase 20 anos, aquando do julgamento do caso do assassinato do jornalista Carlos Cardoso, a sociedade moçambicana assistiu a um processo judicial que atingiu a família presidencial até o tutano, por causa do suspeito envolvimento de Nyimpine Chissano no crime. Esse envolvimento nunca foi provado; e Nyimpine nunca foi acusado. Mas no imaginário dos moçambicanos ficaram gravadas “nuances” incriminatórias de vária ordem.

E o julgamento foi conduzido dentro de um registo tacitamente acordado entre os intervenientes: valia tudo, menos beliscar diretamente Joaquim Chissano. Desgastar seu nome nas audições era como atingir o coração do Estado, despedaçar nossa moçambicanidade, esvaziar o reduto último da pátria amada, esvai-lo de sangue. Apesar de o filho ter acabado de certo modo vergastado por suas ligações desvendadas, o pai, Joaquim, saiu incólume. Não seriam os moçambicanos a enterrar o seu próprio Pai, mesmo que forças hostis o quisessem. E a administração da Justiça conseguiu alcançar esse desiderato.

Vinte anos depois, a história repete-se, salvando-se as devidas distinções de circunstância. Os primeiros 4 dias do julgamento das "dívidas ocultas" na BO mostraram que estamos perante o mesmo entendimento tácito da altura: ninguém ainda mencionou o nome de Filipe Nyusi. Mas todos mencionam o Ministro da Defesa da altura. Mas ninguém perguntou como ele se chamava. Nem o juiz Baptista nem a procuradora Sheila Marrengula. Muito menos a Ordem dos Advogados.

Esta agremiação exigiu que o ex-Ministro das Finanças, Manuel Chang, fosse notificado para vir depor como declarante. O pedido seguiu-se a várias menções feitas pelos arguidos Cipriano Mutota e Teófilo Nhangumele sobre a sua presença em encontros de tomada de decisão sobre o projecto de protecção costeira que virou calote…
Mas, da mesma forma que o nome de Chang foi mencionado, o Ministro da Defesa também foi mencionado à catadupa, só que nunca pelo seu nome. Frisamos, ninguém quis saber o nome desse ministro muito menos o seu papel nos variados encontros em que ele terá estado, investido de seu poder decisório sobre a temática. Vários Ministros da altura foram tratados pelo nome; o antigo Presidente da República, Armando Guebuza, também.

Mas porquê ninguém menciona Nyusi? E nem o juiz, nem a procuradora questionam sobre o papel desse tal Ministro da Defesa. Porquê?, eis a questão.

O julgamento ainda vai no seu começo. E nossa asserção pode ser desmentida com o correr dos dias, principalmente com o tão esperado depoimento de António do Rosário, o segundo “mastermind” do calote. É muito bem provável que ele venha a dar o nome ao boi. Mas este tabu em relação ao nome de Filipe Nyusi mostra que, em última análise, e como escrevemos há dias, estamos perante o derradeiro julgamento do Guebuzismo. E provavelmente Nyusi vai sair sem ser beliscado. Nyusi ainda é o Presidente de Moçambique.

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